O atacante Fernandinho, revelado pelo Central e atualmente no São Paulo, pode ter que pagar R$ 200 mil ao ex-treinador Roberval de Jesus. Roberval, que deixou o futebol há algum tempo e trabalha como motorista no Recife, luta na Justiça para ser reconhecido como a pessoa responsável por iniciar a carreira profissional do jogador. Ele também cobra R$ 200 mil da Patativa.
Segundo ele, o processo foi aberto no ano passado no Fórum de Caruaru. A audiência aconteceu em maio deste ano. A Justiça entendeu que não houve provas concretas de que foi Roberval quem trouxe o atacante para o Luiz Lacerda, em 2005. O ex-treinador disse ter recorrido da decisão. “Estou disposto a abrir conversa com os dois lados. Não admito a pessoa vir com prepotência, querendo desfazer a história. Dinheiro não é tudo. Busco apenas o reconhecimento”, declarou ao VANGUARDA o ex-treinador, que também exige uma porcentagem dos direitos federativos do atleta, hoje nas mãos da Traffic.
Roberval afirma conhecer Fernandinho há mais de oito anos. O primeiro contato, segundo ele, surgiu em Ameixas, vilarejo vizinho a Caruaru onde o atleta costumava jogar bola. O atacante, que nasceu em São Paulo e foi criado no Recife, buscava uma chance em um clube do Interior depois de integrar, sem sucesso, as categorias de base do Santa Cruz e do Náutico. “Ele vivia jogando bola em Ameixas sem nenhuma perspectiva de ser profissional. Certo dia, o jogador me procurou e pediu para levá-lo ao Central. Arrumei dinheiro emprestado e a gente partiu para Caruaru. Por ter jogado na base e trabalhado na administração do clube, sabia que seria difícil. Mas falei com a diretoria e o Fernandinho ficou”, lembrou Roberval.
O ex-treinador conta que, depois que o atacante iniciou a carreira profissional no Lacerdão, conversou com ele sobre um possível ressarcimento. “Perguntei como ficaria minha situação. Ele respondeu que iria ressarcir tudo o que gastei com ele”, revelou. VANGUARDA teve acesso às cópias de quatro notas promissórias, tomadas entre os anos de 2004 e 2005, com a assinatura de Roberval de Jesus. Os valores que ele diz ter investido no atleta somam R$ 1.550. Mas, de acordo com o ex-treinador, Fernandinho nunca lhe forneceu ajuda financeira. “Fui atrás do jogador várias vezes. Na época em que foi emprestado para o Ferroviário (CE), em 2006, ele falou que não estava ganhando bem e que não poderia pagar”.
Roberval disse que voltou a procurar o atacante com mais frequência quando ele se transferiu para o Grêmio Barueri (SP), em 2008. Antes disso, o atleta havia passado pelo Iraty (PR), em 2006, e pelo Daejeon Citizen (Coreia do Sul), em 2007. “Tive que ir para São Paulo. Procurei o Fernandinho e ele explicou que estava sem dinheiro, porque tinha comprado um apartamento e um automóvel para a mãe”, detalhou. O ultimato veio no ano passado. “Ele já jogava no São Paulo, mas não quis conversa. Falou que gastaria com advogado para não me dar nada”, concluiu.
OUTRO LADO
Procurado pelo VANGUARDA na última quarta-feira (6), o advogado do Central, Milton Figueiredo, afirmou que a Justiça agiu corretamente ao dar ganho de causa para o clube e para Fernandinho. “A Justiça considerou que não houve provas e extinguiu o processo. Não há mais nenhuma pendência contra o Central e o jogador”, explicou. A reportagem ainda tentou ouvir o ex-atacante centralino, mas não obteve retorno.
Por Paulo Dimas/Jornal Vanguarda/Toque de Bola FC
0 comentários :
Postar um comentário